5 de agosto de 2011

Crítica: Chegando ao reboot que não é reboot da DC, os anos 1990 na Marvel… Parte 03

Os leitores desse blog devem estar entusiasmados ou entediados, mas, finalmente, vamos falar um pouco do reboot que não é reboot da DC Comics. Obviamente, usarei um pouquinho de minha memória para que se possa ter certeza de que a ideia não é inédita, tampouco nova, mas há algum potencial com o qual devemos, no mínimo, ter respeito.
 
O primeiro fato notável com relação a esse reboot na Dc Comics deve-se ao fato de Grant Morrison/Geoff Johns recriar um conceito muito antigo do Multiverso DC – todos os universos da DC são centrados na Trindade principal da Editora + Flash. Isso implica dizer que qualquer universo da DC tem, ou teve, um Superman, um Batman e uma Mulher-Maravilha e o elemento de contraste com outros universos é o Flash. Numa antiga saga escrita por Grant Morrison para Liga da Justiça, isso fica bem claro...
 
Os pilares de cada Terra são a Trindade e o Flash, o último serve como elemento de desagregação desse universo. Pela introdução que realizei sobre todo esse entendimento do universo ficcional da DC, fica claro que qualquer personagem envolvido com a Força de Aceleração pode servir de estopim para um longo processo de reavaliação do Universo – o início de um processo de adequação dos personagens aos novos tempos. Essa ideia estava inserida na famigerada saga Crise Final, mas não foi à frente devido à presença do ultra-conservador Paul Levitz. O que transformou a história em mais uma megassaga que não contribuiu em nada para o Universo DC como um todo (apenas promoveu uma nova evolução para Dick Grayson, Damien, Stephanie Brown, Thalia e muitos outros personagens ligados a Gotham).
Após a saída de Levitz, o caminho se abriu e Jim Lee, Dan Didio e Geoff Jonhs puderam começar a inicativa com relação ao reboot. Mais uma vez, repito, um reboot (como um retcon em menor escala) nada mais é do que um movimento de adequação dos personagens para a manutenção de seus modelos para uma nova geração de leitores. Enquanto leitores mais velhos (em sua maioria) desejam ver a evolução dos personagens, leitores mais novos estão tentando entender o que esses personagens significam em todo um contexto meta-ficcional (para mais explicações, mova sua bundinha para a I Jornada Internacional de Quadrinhos, na ECA-USP, em que o Titio House vai explicar tudinho na frente dos medalhões das pesquisas de quadrinhos no Brasil e ainda dar uma lapada na raxada de Umberto Eco).
 
O interessante é ver que o próprio Jim Lee foi um dos cabeças de um amplo movimento de adequação que pouco contribuiu para o universo Marvel. Sim, senhores, estou afirmando que a saga tentou de maneira radical adequar os personagens a nova mentalidade dos anos de 1990. Talvez, somente o Homem de Ferro teve elementos aproveitados daquela saga. O importante é vermos como isso foi radical.
 
 
Na Marvel, o retcon é o movimento mais usado para promover ligeiras adequações nas vidas de seus personagens (excetuando, é claro, a vida de Peter Parker). Nos anos de 1990, a Marvel passava por um período tenebroso, Stan Lee e Maichal Jackson se encontravam e o ídolo pop mostrava interesse em comprar a editora. A mesma entrou em bancarrota e quase abriu um processo de falência. Para tentar salvar a editora, num movimento desesperado para alavancar as vendas, foram convocados alguns desenhistas da conhecida Geração Image. Jim Lee e companhia voltaram para a editora com um projeto especial – vamos criar um universo paralelo em que vamos atualizar os personagens da editora para algo mais compatível com a atualidade. A atualidade da qual eles se referiam era os títulos da Image.
 
Dessa forma, foi criada a saga Heróis Renascem – uma insípida tentativa de se adequar os personagens da Marvel que mais sofreram com o início dos anos 1990 que durou apenas um anos e teve vários problemas de bastidores. O problema é que Heróis Renascem sinaliza de maneira clara que os personagens da Image (tal qual ela era) não durariam muito tempo, pois apresentavam dois problemas – eles eram meros simulacros de outros personagens da DC e da Marvel (em alguns casos, misturados com personagens de cinema); e não apresentavam nada de inovador no esquema de super-heróis. A ideia não deu certo, mas serviu para que a Marvel fizesse um amplo movimento de retorno ao status do final dos anos 1990 com a saga Heróis Retornam e puderam continuar a partir dali.
 
O que propõem Lee e Johns em 2011? É o que veremos na semana que vem...
 
Inté.
 
(Artigo originalmente publicado no blog Pira RPG)
 
Exercer a crítica a alguns é fácil tarefa, como a outros parece igualmente fácil a tarefa de legislador; mas, para a representação literária, como para a representação política, é preciso ter alguma coisa a mais que um simples desejo de falar à multidão. (…) Infelizmente, é a opinião contrária que domina, e a crítica, desamparada pelos esclarecidos, é exercida pelos incompetentes. (Machado de Assis)

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