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22 de junho de 2012

Ebony Spider: Como Água.

Não é o fim da saga Guerra Civil, mas é aqui e agora que a máscara do Aranha cai.


Vocês acham que o amigão da vizinhança é apenas um herói cor-de-bronze que escreve textos psicologicamente anabolizados no Notas Nerds? Na-na-ni-na-não!


Ele é um cara legal, um lutador do dia-a-dia. E, embora esteja na crista da onda agora, não podia imaginar o quanto passou por maus bocados, mas mantendo sempre a integridade, a cabeça erguida, procurando se adaptar às situações, e se aperfeiçoar.


Descobri tudo isso no filme que apresenta um recorte de sua trajetória – o momento em que Spider, desacreditado pelo público e pressionado pelo manda-chuva do UFC, Dana White, após defender de maneira asséptica e desleixada seu cinturão contra o brasileiro Demian Maia, precisa dar a volta por cima, não apenas vencendo sua próxima luta, mas convencendo a todos de que é realmente o maior lutador do MMA de todos os tempos.


Anderson Silva: Como Água registra o treinamento do Spider nos Estados Unidos, para onde se mudou por dois meses sem sua família, a fim de treinar com a equipe do lutador e comedor de x-tudo Minotauro. E revela seu estilo despojado e simples de ser, sua serenidade, e principalmente a seriedade e originalidade que o fizeram campeão mundial dos pesos médios do UFC.


Ao mesmo tempo, nos deparamos com a auto-promoção e verborragia do desafiante Chael Sonnen, quase um supervilão dos quadrinhos, anunciando seus planos infalíveis e sua superioridade e arrogância.


O melhor do documentário, porém, é sua estrutura, que lembra a de Rocky, um lutador. A tensão é crescente, pontuada por excelentes músicas, inclusive duas de Moby e uma de Seu Jorge no (ou com o) Almaz, que estabelecem climas diversos ao longo do filme.


Como observadores atentos, acompanhamos o suor e as lágrimas de um ícone, consciente da dimensão de sua importância, mas sem concessões ao estrelismo e à megalomania. O final feliz é a cereja do bolo, e afasta a possibilidade do Aranha pendurar as teias.


Talvez alguns continuem achando que Ebony Spiderman e o Spider do UFC são pessoas diferentes. Essas pessoas dirão que Anderson Silva revelou certa vez que sua ligação com o Homem-Aranha se deve ao fato de que ele “é o único super-herói com contas pra pagar.”


Assistam ao filme e tirem suas próprias conclusões, portanto. Quanto a mim, tenho certeza que no octógono, acima dos prédios ou pegando o trem todos os dias para exercer seu nobre ofício e pagar as contas, Ebony continua sendo um amigão (da vizinhança, inclusive).

7 de maio de 2012

Os Vingadores e um domingo inesquecível

Tenho a impressão de que é inútil tentar organizar meus pensamentos sobre o filme. É uma torrente tão grande de sensações memoráveis, de momentos gravados na memória, cenas perfeitas e bombásticas e cheias de significado, que tudo fica cheio de som e fúria, e pareço estar tonto, vendo estrelas depois de tomar um esfrega do Hulk.

É gratificante ver como uma pessoa, ou, mais provavelmente, uma equipe, pode fazer a diferença em um empreendimento. Joss Whedon é a mente e ‘mãos à obra’ por trás do extinto mas longevo seriado Buffy – a Caça-Vampiros, e, na minha humilíssima opinião, o cara com punch e competência suficientes para figurar como um dos grandes escritores dos quadrinhos de X-Men. Depois de prestar homenagem (e um serviço!) ao rico histórico dos mutantes (coisa que muito se deve aos roteiros de Chris Claremont), e de manter os personagens interagindo com verossimilhança e rara sutileza, como na recente era Grant Morrison, Whedon foi contratado para comandar a mais ambiciosa aventura da Marvel fora dos comics.

Confesso que torci o nariz quando Whedon foi anunciado como capitão (do filme, não ‘América’). Só o conhecia da primeira temporada da despretensiosa e divertida série Buffy – acho que nem havia lido seu Astonishing X-Men. Mas há um lado positivo nisso, pois também me enganei (e muito!) quando Heath Ledger foi escolhido para viver o nêmesis do morcego.


Se Superman, o filme, e Batman, o Cavaleiro das Trevas são apontados pela crítica como dois dos melhores filmes baseados em HQs, e Homem de Ferro, Kick-Ass e X-Men: First Class como alguns dos mais divertidos e inovadores, preciso chover no molhado e repetir que Os Vingadores é o mais completo, o mais emblemático filme de super-heróis de todos os tempos, pois inacreditavelmente consegue transformar um número incontável de características que amamos nesse tipo de quadrinhos em entretenimento audiovisual, em ótimo cinema. E concordo com o crítico d'O Globo, Rodrigo Fonseca, o gênero não é ficção-científica, fantasia, ‘filme de herói’, é um épico.

Em primeiro lugar, é um crossover! E está lá o espírito dos ‘maiores super-heróis da Terra’, para além da dicotomia universo Marvel ‘normal’ e ‘Ultimate’, e um (talvez possamos chamar de) desprendimento raro de ver em Hollywood, no qual é visível que as estrelas submeteram-se aos personagens interpretados. 

Não há ator principal, não é o filme do Homem de Ferro e seus amigos, como muitos imaginavam que acabaria se tornando. Todos os Vingadores brilham e, mais que isso, cada um tem seu papel, e importância impossível de separar do conjunto, da vitória obtida ao final.

Alguns personagens revelam quem são desde o início, como o Homem de Ferro, e embora pareçam livros abertos, são desenvolvidos um nível acima, revelando mais de que são feitos. Assim acontece com o Capitão Steve Rogers, após ser praticamente escorraçado por um Tony Stark deslumbrado por desvendar o médico e o monstro em Bruce Banner – até ali, Tony o considera um mero soldado com braços fortes. Agitado, e limitado pela falta de domínio de uma tecnologia que não compreende, o bandeiroso resolve então encontrar respostas do único jeito que conhece: saindo para procurá-las.

Da mesma forma, conhecemos de verdade a Viúva Negra: uma profissional tão habilidosa em lutar, espionar e dissimular quanto em esconder o heroísmo e a gratidão que a move. Scarlet Johansson não é a gostosa de colante (também é), mas uma mulher de carne e osso (e silicone) com um enorme peso nos ombros. Jeremy Renner, por sua vez, nos presenteia com o mesmo Gavião Arqueiro discreto do filme do Thor, mas, por trás de tamanha discrição há um exímio arqueiro e estrategista, cujo sangue frio não conhece limites.

Todos os principais atores, sem exceção, imprimem a seus personagens um sentimento, uma dor que os incomoda, obrigando-os a seguir adiante, contra todos os prognósticos. Deslocado de seu tempo, como se trazido de outro universo, o Capitão América que lemos todos esses anos em sua revista própria, que teve mais de duzentas edições pela Editora Abril, aparece fazendo o que nasceu para fazer: liderar os Vingadores. É de arrepiar.


Falando em arrepiar, tenho que encontrar sinônimos para isso, porque foram em sequência os momentos em que os pêlos se eriçaram nos braços e nucas dos fãs. O que dizer do Hulk? Subaproveitado nos seus mais recentes longas, o id de Bruce Banner finalmente se revela a criatura para a qual não há páreo no universo Marvel. E Mark Ruffalo não precisa ser magrela para encarnar Bruce Banner, em seu aspecto mais loser e niilista, com um senso de humor freak, que sempre foi a única pista para entender sua verdadeira relação com o brutamontes verde, coisa que finalmente aparece nesse filme.

Dá para falar o dia inteiro desse filme, porque é uma quebra de paradigmas tão fantástica que parece alucinação coletiva: Como conseguiram realizar um filme de super-heróis que respeita os quadrinhos, os fãs, a inteligência do público em geral, e consegue ser divertido e impecável tecnicamente? Como superaram esse degrau evolucionário sem nos avisar? E, o que vem depois disso?

Quando assisti Batman, o Cavaleiro das Trevas (cuja abordagem e objetivo como filme autoral, embora feito para o mercado, é totalmente diferente), pensei e ouvi de outras pessoas que aquele nível (de adaptação de quadrinhos para o cinema) não poderia ser alcançado novamente tão facilmente. E é por isso que fico assombrado vendo algo como Os Vingadores.

É como entregar a seus pais uma cartinha para Papai Noel contendo todos os presentes que você gostaria de ganhar, sabendo que deve acabar recebendo apenas um deles, ou, com sorte, dois, e acaba recebendo muito, muito mais do que estava em toda a sua lista de desejos.


Não foi um filme. Foi uma experiência. Tive a oportunidade de ver numa sala Imax (cuja tela gigante nos transporta para dentro da ação), em 3-D (que nem reparei), e com som original (embora tenha sido a primeira vez que não queria desviar o olhar para as legendas!). Foi lindo ver as pessoas reagindo ao filme, todos nós sorrindo, e torcendo, e gritando, e exclamando e aplaudindo.

Fui com um camarada que ama a Marvel (e fez a gentileza de comprar os ingressos antecipados) e com a minha amada (que nem gosta(va) tanto assim de capas e colantes). E posso dizer que é inútil tentar descobrir quem de nós se emocionou mais com Os Vingadores. Saímos do cinema como o resto da plateia, falando sobre cada cena, sobre os detalhes escondidos, as referências à Guerra Secreta, especulando sobre que novos vingadores que se uniriam à equipe numa continuação, ou simplesmente... em catarse.

Um domingo para não mais esquecer. Já quero ver de novo.

17 de abril de 2012

A importância nerd de Vale Tudo (parte final)*

*Originalmente publicado no blog Pira RPG

Muito já foi dito e pouco foi realizado realmente em prol dos nerds, não é mesmo? Somente em 2000, os nerds, pouco a pouco, foram se tornando um objeto de desejo por todo o mundo descolado e a fim da moda, pois um nerd, em tese, sabe lidar com tecnologia, criatividade e assuntos mil, correto?

Sim, em alguma medida, está correto. Mas um nerd também possui preconceitos (como qualquer ser humano) e, por isso, vários fenômenos que são propriamente nerds escapam à maioria dos nerds. Talvez por conta dessa posição estranha para alguém que enfrentou, em alguma parte de sua vida – com exceção de nossos adolescentes que estão na moda – preconceito.


Uma temática relevante em Vale Tudo que muito espectadores ignoraram durante a trama foi o preconceito social. Preconceito social é, para que tenhamos uma definição que suporte alguma crítica, a aglomeração de ideias preconcebidas acerca do nível cultural, educacional e de etiqueta de pessoas de classes sociais superiores quando olham para classes sociais inferiores. Os nerds sofreram por anos esse tipo de preconceito ainda mais dentro do meio nerd em si.

Um cult bacaninha nada mais é que um playboy que não tem mais o que fazer com seu dinheiro do que seguir a moda do dia. Preconceito? Não, realidade... A moda nerd está se mantendo por tanto tempo, pois a memorabília necessária para manter o mundo nerd é enorme. Para se consumir isso, é necessário dinheiro. Como um nerd comum (desde os anos 1970) não tem dinheiro para comprar muita memorabília e como Caetano, Chico Buarque e outros não estão lançando produtos, quem vocês acham que compra a maioria dessa memorabília?


Voltando à novela, é exatamente isso que é mostrado a todo momento no universo de Vale Tudo. Pobres julgam ricos sem conhecê-los (maior exemplo - Jarbas), ricos julgam pobres sem conhecê-los (Odete Roitman e Marco Aurélio) o que nos leva a pensar o seguinte: o brasileiro se conhece? Nós conseguimos, mesmo com a distância temporal, ver que pouca coisa mudou no mundo do Brasil.

Os brasileiros não conseguem se conhecer, poucos realmente circulam pela maioria dos meios culturais e emitir julgamentos pautados em análises de conteúdo. Há esperança? Em Vale Tudo, o que temos é a sonora banana de Marco Aurélio mostrando como a manutenção da corrupção está atrelada ao preconceito do brasileiro com relação...

… ao próprio brasileiro.

Inté.

12 de abril de 2012

Razão e Proporção – A estréia do Pânico na Band

Matemática é a aquela disciplina simples, com a qual todos nos identificamos, que quase ninguém estuda na escola e, mesmo assim, consegue garantir uma boa nota.

Ops! Eu queria dizer Língua Portuguesa, sorry. Matemática é um pouquinho diferente, um bicho de mais ou menos sete cabeças, se eu estiver contando direito. Na verdade, contar até sei, queria mesmo era lembrar dos estudos para falar, em razão e proporção, da estreia do Pânico na Band, pois tenho certeza de que existe algum nexo de causalidade entre tais temas.


Sim, vou falar da estreia, embora pareça datado, que aconteceu na semana passada, há cerca de dez anos e milhões de vídeos do You Tube depois. É que todo esse atraso se deve ao fato de que passei a semana fora, bebendo Logan e Gim com James Cameron. Falamos sobre filmes em 3D e vendemos destroços do Titanic no Ebay, enquanto o pobre rico cineasta aventureiro e rei do mundo subia e descia a Fossa das Marianas em posição fetal.


Voltando ao Pânico, creio que todos vocês já devem saber que a trupe apresentou seu último programa inédito na Rede TV há alguns meses, e, nesse ínterim, fechou contrato com a Rede Bandeirantes, tendo pouco tempo para, digamos, formular novas ideias, desenvolver formatos, etc.
Emílio Surita e Cia. gostam de acompanhar tendências da juventude conectada e criar eles mesmos modismos para consumo imediato, sendo bem-sucedidos nesse modelo que se retroalimenta.

No entanto, a ausência do Pânico por alguns meses, somado a uma possível revisão de seu estilo, para um possível enquadramento na nova emissora poderia derrubar o programa da onda que vêm surfando há quase uma década?

A resposta é que, no domingo retrasado, eles trouxeram artilharia pesada para enfrentar a guerra do hype: Um vídeo de abertura king-size com a maioria de seus humoristas na praia, realizando de entrevistas a intervenções nonsense, como a do pára-quedista fingindo aterrissar no meio dos banhistas e a do barbudo à lá Tom Hanks náufrago, roubando bolas desesperadamente, na intenção de reencontrar seu amigo “Wilson” (assista ao filme ou lembre do merchandising).


No tal bloco, há a tentativa da trupe de se manter atualíssima. Novos grafismos surgindo na tela, fazendo referência a hits da rede – a imagem de um dos memes (aquele que lembra Wilson Simonal) e a frase “as mina pira”.


É gratificante constatar que o Pânico continua sendo um somatório de forças. Carioca mostra que continua sendo, senão o maior imitador do Brasil, ao menos o mais versátil, ao vestir a pelanca do Boris Casoy.


E, embora eu tenha lamentado o desmantelamento do elenco de Comédia MTV, não posso negar  que sou louco por você que o Pânico ganhou com a abdução do humorista Gui Santana. Ele já fazia um William Bonner incrível, e arrebentou na sua estreia na Band, como Otário Mesquita.


A mudança de emissora, porém, não resolveu o que para mim sempre foi o calcanhar-de-aquiles do programa – o embromation. O que foi aquilo de esconder o rosto e o corpitcho das novas Panicats? Tática do João Kléber? Ainda assim, embora sexistas e às vezes contraditoriamente machistas e feministas, reconheço que isso deve funcionar, do contrário já teriam acabado com essas constantes chateações.


Racionalmente, vi poucas mudanças em relação à era Rede TV, e, até agora, nenhuma significativa (eles já usaram helicóptero antes, gente!). Ainda assim, torço para que sejam apresentadas nas próximas semanas (além disso, não tive saco de assistir o programa inteiro – vide o parágrafo acima) algumas alterações no formato que justifiquem a mudança para uma emissora com maior capital de investimento.


Proporcionalmente, o Pânico continua relevante, correndo para pegar o bonde dos mais toscos acontecimentos recentes (levaram o Cirilo – “Para nossa alegria” para o palco), e, quem sabe, finalmente enxergando que eles podem ocupar alguns dos espaços abertos pela turma do Casseta & Planeta – aliás, a julgar pelo novo programa destes na Globo, não será tão difícil ocupar todos...

Peace.

11 de abril de 2012

Por que Vale tudo é uma novela nerd? (parte 04)*

Texto originalmente publicado no site Pira RPG

Na primeira parte dessa sequência, disse que Vale Tudo é uma novela nerd. Afirmação assaz estranha, pois um nerd que se preze não é chegado a novelas, não costuma gostar da Rede Globo como um todo e, na maioria dos casos, pouco assiste a TV aberta. Entretanto, como essa pessoa que não tenta compreender aquilo que é do povão, pode se considerar um nerd? Essa é a definição básica de um termo muito usado no Rio de Janeiro que acredito ser pouco popular no resto do Brasil, trata-se do Cult Bacaninha.

Cult Bacaninha são aquelas pessoas que costumam gostar de tudo (ou a maioria dos fenômenos) que é considerado de bom gosto ou cultuado por determinados grupos que são considerados como tendo alguma autoridade sobre a sociedade. Um exemplo: a série de gibis do Arqueiro Verde e Lanterna Verde escrita por Dennis O'Neil e Neal Adams. Na época, a série não teve sucesso de público, mas a crítica especializada prestou louvores às histórias, pois tratavam de temas incômodos para a sociedade americana. O típico cult bacaninha tem essas histórias, mas é incapaz de dizer os motivos pelos quais essas histórias são importantes para o entendimento da cultura nerd dos quadrinhos ou mesmo para a cultura americana como um todo.

Sendo assim, Vale Tudo teve o acompanhamento de diversos cults bacaninhas que somente viram a novela sem ao menos tentar entender ou pensar sobre o que ocorria no Brasil em 1989 (para ver como isso se dá, basta uma pesquisa de #ValeTudo no twitter). Mas Vale Tudo pode ser considerado um autêntico artigo nerd. E agora vão os motivos.

Primeiramente, a novela gozou de uma extrema liberdade de abordagem de temas, pois, com a renovação do staff de escritores e diretores que ocorria na época, era necessário ousar para demarcar território. Essa liberdade de abordagem possibilitou que capítulos inteiros da novela discutissem em seus diversos núcleos (ou seja, utilizando diversas vozes sociais – pobres, ricos, emergentes, classe média, etc.) temas como transporte público, propina, suborno, inflação, déficit econômico, política nacional e emergência cultural. Todos esses temas mereceram, ao menos, um capítulo inteiro sem que houvesse ação na trama.

Outro tema bastante explorado foi o vício e o preconceito com relação a determinados personagens, refiro-me aqui a Helena Roitman e Thiago Roitman. Helena era alcoólatra e foi, durante a novela, ao fundo do poço, fazendo com que um nerd pensasse sobre como um vício poderia ser desmedidamente levado, ao mesmo tempo em que uma família mais abastada ignorava o problema até que houvesse um abismo entre ele e sua família (um tema recorrente na vida de um nerd – o abismo familiar).

Thiago Roitman, por seu turno, é também vítima de preconceito familiar. Um autêntico nerd, Thiago ficou, durante boa parte da trama, isolado em seu mundo de música clássica, cânone literário, cinema e desenvolvimento tecnológico – tudo o que um bom nerd gosta de fazer. Esse isolamento fez com que seu pai, Marco Aurélio, pensasse que ele fosse alguém com algum problema de comportamento. Como Marco Aurélio se afirmava como um conquistador, dentre outras características, ele interpretou o comportamento isolado de seu filho como um indício de homossexualidade (traduzindo para os leigos: Marco Aurélio era um galinha e pensou que seu filho fosse viado).

Durante vários episódios, o clima de tensão entre pai e filho aumentava, pois, por não entender o filho e por não ser direto e sincero em suas preocupações, o Vice-Presidente da TCA falava ao filho de maneira tensa e possibilitou deliciosas brigas em que nada era dito claramente, quase como um bom roteiro de um filme. A situação se resolve quando Thiago Roitman encontra Fernanda e consegue conquistá-la. Obviamente, o tema relacionamento nerd é abordado e vemos como é complicado para uma moça que não é nerd se relacionar a um nerd. As leitoras sabem bem do que estou falando, não?

Com relação a temas nerds, temos o computador sendo um empecilho para um dos personagens conseguir um novo emprego. Trata-se de Bartolomeu (pai de Ivan Meireles) que, a despeito de sua competência no jornalismo, é demitido por não conseguir lidar com a nova máquina que entrava nos jornais impressos de todo o Brasil e impregnava nossos profissionais em notícias com radiação direta em seus rostos (devemos lembrar que os monitores em 1988/9 eram de fósforo excitado – hum... delícia... - o que gerava uma superexposição ao elemento que incomodava a vista das pessoas). Logo, ele consegue emprego com assessor de imprensa na Paladar. Pelo fato de não se adaptar às novas tecnologias, Bartolomeu passa a trabalhar num local que não o agrada, mas o diverte – algo que é muito bem quisto pelos nerds de todo o mundo.

Além do centro da trama ser a corrupção e a política do favor, pudemos ver que vários temas muito próprios do mundo nerd de todos os dias já estavam problematizados em 1988/9, mas amanhã falaremos novamente do núcleo dos personagens, da trilha musical e do final da novela que apresenta mistério, ação e algo completamente atípico para os padrões atuais de um término de trama.

Inté...

9 de abril de 2012

Fight – War of Words

Olá, Nerds e Nerdas, tudo bom? Como foi o feriado de vocês? Pois bem, hoje vou fazer mais uma crítica, resenha, análise entendam como queiram sobre mais um álbum.

Não sei se todos vocês sabem, mas, quando o Metal God, Rob Halford, em 1990, saiu do Judas Priest, seguiu uma carreira solo até voltar em 2005.

Durante esse hiato, gravou 3 álbuns com uma banda chamada Fight e depois mais alguns álbuns apenas com o nome Halford. Pois bem, será sobre o primeiro álbum do Fight, ou seja, primeiro trabalho de Halford pós-Judas Priest que irei comentar.

Serei bem direto com vocês, o álbum é foda muito pesado. As músicas "Into the Pit" e "Nailed to the Gun" abrem os trabahos com fúria, violência e um Halford com seus agudos inconfundíveis, seguindo a linha de Painkiller, ou seja, músicas rápidas, pesdas e matadoras.

Seguimos com a fantástica "Life in Black", também uma música pesada, mas com um ritmo mais “simples”. Veja bem, caro nerd espinhento que balança a cabeça, isso não é demérito. A música possui uma letra típica de mandar para alguém que você sente ódio geralmente uma ex.

"Imortal Sin" é interessante, mas, quando eu a ouvi pela primeira vez, tive uma sensação de “já ouvi isso em algum lugar” e fazendo uma pesquisa descobri que ela é idêntica a uma do Judas Priest (na verdade, a música do Judas é parecida com essa, uma vez que essa foi gravada primeiro). Mas, na vida nada se cria, tudo se copia.

A música-título, "War of Words" também é sensacional e possui um refrão forte e esmagador. As demais músicas são boas, mas nenhuma merece um destaque especial. Na média e, em comparação ao trabalho anterior no Judas, Halforon mantem a mesma qualidade.

Recomendo para todos que se dizem fã de Judas, Halford e de metal.

Abraços.

5 de abril de 2012

Iron Maiden: X-Factor


Olá, Nerds e Nerdas, tudo bom? Como estão os preparativos para esse feriado? Já compraram muitos ovinhos? Pois bem, há muito tempo que pretendo fazer uma crítica, análise, resenha etc. sobre o álbum X-Factor, do Iron Maiden.

Confesso que sempre o defendi como o melhor trabalho do Iron nos anos 90 (No Prayer For The Dying, em 90, Fear of The Dark, em 92, X-Factor, em 96, e o Virtual Eleven, em 98).

Um pouco de história para vocês, caros leitores: X-Factor (que não tem relação alguma com o gibi homônimo - porque eu sei falar difícil - da Marvel Comics) marca o primeiro trabalho do Iron Maiden sem o seu grande vocalista, Bruce Dickinson. Quem assumiu o posto de vocal da banda foi Blaze Bayley. Gostaria de avisá-los, caros leitores, que meu texto não entrará no mérito  se Blaze estava à altura de subistituir Dickinson e rixas do gênero, este post se focará somente na análise do álbum.

Como disse anteriormente, o disco é excelente, o álbum tem toda uma atmosfera sombria, pesada, mas, de longe, é o álbum mais político da banda (mais político que o A Matter Of Life And Death). As letras atacam principalmente as questões bélicas e seus envolvidos, principalmente os soldados. Das 11 faixas, eu adoro 7 e gosto de 2. Gostaria de destacar as letras de "Fortune Of War", "The Aftermath", "Blood on the World’s Hand" e "The Edge of Darkness", todas são verdadeiras críticas relacionadas à guerra, conforme comentei ser o ponto forte do álbum, focando mais no soldado, aquele que deve seguir as ordens e seu papel nisso tudo.

Dentre as músicas citadas, meu destaque fica para a foda excepcional "The Edge of Darkness" que possui um ritmo sensacional, melodia vocal e interpretação fantástica de Blaze, dando uma sonoridade bem pesada e - por que não? - dramática.

Em "Blood on the World’s Hand", Harris expõe todos os seus dotes nas quatro cordas como pode ser ouvida na introdução da música.

Outro ponto alto é a letra de "The Aftermath", sensacional! Trata-se de uma verdadeira crítica sobre para quem um soldado realmente está lutando, ou defendendo. Ela possui um dos melhores refrões que já ouvi em uma música:

After the war,Left feeling no one has won
After the war,What does a soldier become
After the war,Left feeling no one has won
After the war,What does a soldier become

Outros destaques são as clássicas "Sign of the Cross", "Man on the Edge", que, em minha humilde mas nem tanto opinião, possui um dos melhores solos da banda, e "Lord of the Flies", que possui um forte refrão e é uma excelente composição. Destaques também, mas não com tanto entusiasmo para "Look for the Truth" e "Judgement of Heaven".

Em suma, o álbum é foda uma aula de Metal, acredito que ele não tenha o seu devido reconhecimento, principalmente por ter um outro vocalista que não Dickinson. Sinceramente? Também concordo que Bruce é o melhor, mas algumas músicas deste álbum não ficam bem em sua voz.

E como me restringi a este álbum, sou obrigado a confessar, Blaze mandou bem para caralho um novato e ficou à altura do Bruce agora, quanto ser o substituto ideal e cantar as músicas antigas ao vivo, isso são outros 500 e é claro que Bruce é insubstituível.

Abraços.

4 de abril de 2012

Vale Tudo – Os vilões bizarros do Brasil (parte 03)*

Artigo publicado originalmente no blog PiraRPG

Se os heróis são corruptos e antiéticos, imagine os vilões da história?! Bem, sobre esses vamos comentar somente sobre quatro – Odete Roitman, Marco Aurélio, Maria de Fátima Acioli, César Ribeiro.


Vilões de novela, nos dias de hoje, são espertos, inteligentes, sagazes, mas mostram-se loucos ou mesmo punidos ao final do enredo, correto? Isso não ocorre em Vale Tudo. Esse quarteto introjetou o jeitinho brasileiro de tal forma que o leva ao seu extremo negativo. Tanto Odete Roitman, quanto Maria de Fátima Acioli ascendem socialmente por meio de um golpe do baú. Enquanto o golpe de Odete a torna presidente da TCA – grupo aeronáutico doméstico que poderia ser comparado à empresa No Ar –, Maria de Fátima Acioli tenta o mesmo movimento com Afonso Roitman, mas essa segunda versão do mesmo golpe é interrompida pelo caráter negativo do “jeitinho”.

O “jeitinho brasileiro” nada mais é do que um plano de ação em que a pessoa tenta alguma vantagem sem ter a menor competência para tal ato. O que acontece, então, é um divertido sistema de improvisações em que mentir, negar e armar situações é válido para que o objetivo principal seja alcançado.
Essa metodologia cotidiana deixa, em contrapartida, um sem número de rastros que podem ser descobertos de inúmeras formas e que podem ou não determinar o sucesso ou fracasso daquele que se utiliza de tal expediente. O objetivo de Maria de Fátima é o enriquecimento, seu expediente é o golpe do baú, mas ela não é Odete Roitman e comete um erro de princípio.


A grande diferença entre o primeiro golpe (Odete) e o segundo golpe (Maria de Fátima) está em Cesar Ribeiro. Cesar é o catalisador de Maria de Fátima. Modelo, mas pobre. Michê, mas pobre. Ego enorme, inversamente proporcional às suas sungas; Cesar Ribeiro é um bon-vivant que se aproveita de Maria de Fátima (que, obviamente é apaixonada pelo rapaz) e prepara o enriquecimento rápido. De fato, trata-se de um enriquecimento rápido, pois após dois anos de casamento com Afonso, Fátima poderia pedir o divórcio e ganharia 2 milhões de dólares somente abrindo as pernas de quando em quando para o maridão e de sempre em sempre para Cesar Ribeiro.

Quando o plano dos dois não dá certo, Cesar nota que não é mais o garotão de antes e utiliza sua beleza para seduzir Odete Roitman (a velha se amarra num garotão e isso é mostrado diversas vezes durante a trama), o que dá certo por um breve período. Entretanto, Odete descobre o envolvimento permanente de Cesar com Maria de Fátima e rompe o relacionamento (mesmo estando apaixonada e desistindo da Presidência da TCA). Cesar, então, encontra-se num mato sem cachorro, mas a morte da principal vilã faz com que ele tenha uma nova oportunidade.

Cesar é um dos poucos que suspeitam de quem é o verdadeiro assassino e isso permite que ele consiga rapidamente uma soma para sair do país, o que permite a ele um envolvimento com um príncipe estrangeiro – e gay – que quer se lançar por um partido conservador italiano e, para tal, precisa se casar. Ou seja, Cesar e Fátima utilizam o “jeitinho brasileiro” de maneira cíclica, pois a novela termina com um novo golpe do baú para esses personagens, o que implica no abandono do filho do casal para que essa nova tentativa de enriquecimento rápido seja minimamente bem sucedida.


Marco Aurélio é, de fato, o maior vilão da trama. Especialista no “jeitinho brasileiro” e na política do favor, ele sobe os degraus da empresa por meio de trocas e espertezas mil. Quando a trama se inicia, ficamos sabendo que ele e Heleninha Roitman (alcoólatra, metida a artista e utilizando roupas masculinas com o cabelo da Tina Turner em Mad Max – Além da Cúpula do Trovão) foram casados e tiveram um filho.

Isso fez com que Odete o transformasse em Vice-Presidente da empresa, pois sabia de seu potencial em aproveitar-se das situações mais lucrativas. Pouco a pouco, vamos descobrindo que, além da empresa, Marco Aurélio age para enriquecer o seu próprio bolso, desviando pequenas somas em dinheiro por debaixo dos panos e manipulando o mercado de ações carioca e paulista. É claro que toda sua malemolência não tem sucesso sempre, mas, de qualquer forma o vilão consegue fugir e mostra aos brasileiros seu eterno carinho mandando-lhes uma banana.

Semana que vem daremos alguns motivos que apontam para cunhar esta novela como um autêntico artefato nerd brasileiro.

Inté…

3 de abril de 2012

Meninada-Prodígio

Quem me conhece sabe que, na condição de alienígena sem visto de permanência, só assisto a telenovelas para melhor compreender a bagunça que impera no terceiro mundo (do sistema solar). Assim, assisti à primeira semana de Avenida Brasil, nova novela das oito/nove/dez.

E, sem dúvida, a atriz escoteira-mirim Mel Maia roubou a cena como estagiária de reciclagem. Após a morte do pai, Rita foi largada à própria sorte num lixão por obra e graça da dissimulada e fanfarrona vilã, a senhora sua madrasta Carminha.


Lá, Rita é ajudada pelo menino também catador Batata, que torna-se seu amigo e depois seu noivo (essas crianças de hoje são rápidas no gatilho – e olha que essa parte da trama se passa em 1999! Memórias das primeiras acusações da comunidade funkeira...). Imprescindível dizer que o maior encanto da garota é o fato de parecer uma menina normal, não uma criança superdotada ou brinquedo assassino, andróide ou algo do tipo. A personagem conversa com o olhar, revelando sua tristeza e sua compreensão limitada pela idade.

A televisão está repleta de crianças-prodígio. Não faz muito tempo que a dupla Yudi (o menino com mais de 18 aninhos) e a Priscila distribuía preisteixons no Bom dia e Cia, Sessão Desenho, Carrossel Animado ou sei lá o nome (sei apenas que eram os únicos programas do SBT que não mudavam de horário toda semana – passava sempre de manhã). Tenho a impressão de que eles já cresceram e passaram a apresentar o programa disfarçados de Patati e Patatá.


Celeiro de enfant terribles, muito antes do Gugu Liberato empregar como assistente de palco o Dani Boy, a emissora de Sílvio Santos contratou Maísa Silva (revelada no programa do Raul Gil, na Record) para apresentar o Sábado Animado, que chegou a derrotar o Tv Xuxa no Ibope – com direito a todo tipo de trollagem com qualquer criança que ligasse para a emissora.


A irrequieta e sagaz menina-monstro explodiu no SBT e, ainda em 2008, tomou de assalto o Programa Silvio Santos, ganhando um quadro próprio. A Shirley Temple brasileira deverá estrear em novelas em maio, no remake de Carrossel (sucesso mexicano que nos apresentou Cirilo, hoje estourado no vídeo viral “Para nossa alegria”).



O cinema também é pródigo no aproveitamento de infantes como os hoje ex-pequeninos e ex-astros Haley Joel Osment e Macaulay Culkin. Só não podemos admitir nesta lista Benjamim Button, o personagem nascido no conto de F. Scott Fitzgerald, adaptado para os quadrinhos e representado no cinema pelo Brad Pitt. Afinal de contas, o cara trapaceou, tornando-se uma criança prodígio apenas após uma vida inteira como velho, adulto jovem e adolescente.


Por outro lado, gigante em talento e com o punch necessário para ser a bisneta de Marlon Brando, a atriz Chloë Moretz surgiu como uma promessa em Hollywood, e esculachou vagabundo como a Hit-Girl, a vigilante mais nova e competente de Kick-Ass, filme sobre malucos pessoas comuns uniformizadas tentando aparecer combater o crime, baseado na HQ de Mark Millar e John Romita Jr.


Nos quadrinhos, temos uma constelação de estrelas mirins trajando vermelho, como a baixinha e dentuça Mônica e a feminista e inocente Luluzinha (que existem em diversas épocas simultaneamente, como o Dr. Manhattan, vide as versões aborrescentes das duas).


No universo DC, Batman já é papai, e seu filhote é o atual Robin. Damien é um pônei maldito assassino, mas é claro que Bruce Wayne aliviou a do filho ao invés de mandá-lo para a Funabem. Nota mental: Substituir essa citação. Denuncia minha idade.


A verdade é que uma criança assassina já não choca tanto quanto antes. Na internet, convivemos com o já “clássico” vídeo de um menino em tenra infância assassinando a indefesa formiguinha do próprio irmão.

Infelizmente, nesse mundo, todos querem fama a qualquer preço, e cada vez mais cedo. Em breve, saberemos que o Show de Truman foi planejado pelo próprio Jim Carrey, dentro da barriga de sua mãe.


Então, até...

2 de abril de 2012

Curso no Rio de Janeiro sobre Batman: O Cavaleiro das Trevas

O Grupo Espaço Tempo, localizado no Leblon, abre as inscrições para cursos livres durante o primeiro semestre de 2012. Qual não foi meu espanto, ao receber o panfleto do grupo, ver uma imagem muito conhecida de nós – leitores de quadrinhos:


Sim, nerds malditos, teremos no Rio de Janeiro um curso aos sábados sobre Batman: O Cavaleiro das Trevas. O curso será ministrado pelo Prof. Dr. Thomaz Amorim, que, em 2007, defendeu uma tese na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (em Letras), sobre a relação entre histórias em quadrinhos e mitologia.

Agora, nerdaiada, ninguém tem do que reclamar – curso no sábado, de tarde, com possibilidade de se conhecer mais sobre os estudos que estão rolando na Universidade (local que trata quadrinhos como uma arte narrativa autônoma, ao contrário do que uns e outros adoram proclamar em seus blogs, hehehehehehe).

Inté.

30 de março de 2012

Jogos Vorazes

Olá, Nerds e Nerdas, tudo bom? Esse fim de semana eu resolvi ir ao cinema e acabei assistindo Jogos Vorazes e vou dizer para vocês que o filme é bem fraquinho. Mas, antes de falar mais, vamos à sinopse do filme:

“A história é ambientada nas ruínas futuristas da América do Norte, agora dividida em uma capital e 12 distritos. Cada distrito fornece dois adolescente entre 12 e 18 anos, que competem no reality show de sobrevivência que dá nome ao livro. A trama é centrada em Katniss (Lawrence), adolescente de 16 anos que vai para o reality show no lugar de sua irmã, sorteada pelo distrito.”
Fonte: Omelete

Hutcherson vive Peeta Mellark, o escolhido do Distrito 12, ao lado de Katniss para disputar a 74ª edição anual dos Hunger Games. Ou seja, trata-se do mais do que manjado tema dos Reality Shows. Nesse quesito, desculpem, mas O Show de Truman é insuperável.

A única diferença nesse filme são as mortes de “menores de 18 anos”, tudo bem que não é nada explicito, mas temos mortes de crianças entre 12 e 18 anos, o que poderia significar um avanço para o gênero de ação (desde que devidamente aproveitado, é claro).'

O filme apresenta o enredo clássico do tipo “dois homens entram, um homem sai”, mas, no filme, o mundo foi dividido em 12 distritos e, a cada ano, um casal de cada distrito é enviado para um reality show como forma de tributos conforme descrito na sinopse.

O filme aborda questões clássicas como o poder da esperança por liberdade versus, assim como em todos os outros filmes o controle da mídia sobre a opinião pública e poucos poderosos controlando o resto do mundo.

Confesso que quase dormi ao longo do filme, não sei onde li que o filme era bom e que poderia ser o novo Harry Porter. Serei honesto, se isso for verdade, Hollywood está ferrada, porque Harry Porter tem muito mais conteúdo do que esse filme.

Abraços.

PS do House: Se Jogos Vorazes tem ainda menos conteúdo que Harry Porter de Bosta, devo dizer que os maias podem ter acertado na sua previsão de início de um novo ciclo... Cérebros indo para o esgoto e outras coisinhas mais serão comuns nesses novos tempos...

28 de março de 2012

Vale Tudo: Seus heróis e a corrupção (parte 02)*

* Texto originalmente publicado no site Pira RPG

Ontem, queridos nerds, iniciei o assunto da semana passada – o final da novela Vale Tudo. A introdução de uma pequena contextualização histórica serve tão somente para entendermos algumas partes da novela que comentarei em outras partes. Antes disso, porém, falemos de alguns personagens.

Os heróis da novela são o casal Ivan Meireles (Antonio Fagundes, o melhor galã de TODOS, TODOS, TODOS) e Raquel Acioli (Regina Duarte, a Sandy dos anos de 1970, 80). Ivan, para conseguir galgar o sucesso, começa a trabalhar na empresa da família Roitman como operador de Telex e consegue acesso fácil a toda informação importante da empresa, por meio de um terminal que está ligado a toda a rede interna da empresa. Seu superior permite que ele faça isso com um misto de curiosidade e perplexidade por estar acima de alguém com profundo conhecimento.


O leitor deve estar se perguntando - “mas como isso tem relação com a corrupção brasileira, Dr. House?”. Simples, caro leitor, Ivan foi anti-ético, utilizou seu conhecimento para a preparação de um dossiê que expunha a TCA como uma empresa com diversos problemas de infra-estrutura e de gastos.

O que ele ganha com isso? Um cargo na Diretoria da empresa e seu antigo superior se torna seu secretário particular (óbvio, uma espécie de cala boca com remuneração salarial maior). Mais a frente na novela, Ivan Meireles tem acesso a uma maleta com U$ 800 mil dólares. O que ele faz? Guarda a maleta por cerca de 50 capítulos e a perde graças a um golpe de Maria de Fátima. Mesmo com a insistência de Raquel para que a maleta fosse colocada num cofre (e não levada à polícia federal para averiguação dos donos de tamanha quantia), Ivan prefere deixá-la pertinho dele, o que se torna o estopim para a separação dos dois.

Raquel Acioli é uma mulher que tem dois hábitos. O primeiro é mudar o penteado em cada cena que aparece – uns 5 ou 6 penteados por episódio. O segundo é o julgamento moral do outro. Ela é a representante de um conservadorismo moral que poderíamos hoje comparar a uma evangélica radical. Para exemplificar, seu bordão: “Sangue de Jesus tem poder”. Católica, moralista (e não moralizante), colocando-se acima dos outros (mesmo estando numa situação completamente humilde), Raquel vai para o Rio de Janeiro morar numa pensão no Catete, pois sua filha vendera a casa da família em Foz do Iguaçu a fim de juntar dinheiro para dar um golpe no Rio de Janeiro (ou virar modelo, se preferir).


Sem dinheiro, com poucas roupas, Raquel decide vender sanduíches naturais na praia a fim de levantar verba para se estruturar no centro nervoso do Brasil. Aos poucos, Raquel consegue levantar uma quantia razoável para tentar algo mais ousado: um pequeno restaurante. Mas como não há dinheiro suficiente, mais uma vez o jeitinho brasileiro começa a dar suas caras. Ela aproveita-se da paixão de outro personagem por sua filha e convence-o a ser sócio dela, abrindo o maldito restaurante. Com isso, Raquel, que é uma cozinheira de mão cheia consegue, de pouco em pouco, convencer as pessoas a patrociná-la e vai ampliando seu negócio. Pois bem, a parte mais sinistra da história de Raquel não está na famosa maleta, pois ela, tal qual a atriz, tem muito medo de se meter em confusão (ou votar no Lula).

Não se trata disso. Após uma briga com sua filha que arranjara casamento com Afonso Roitman (Cassio Gabus Mendes), Raquel aceita uma gorda propina da Tia Celina que “foi com a cara” da Raquel – e, mais importante: conseguiu reconhecê-la após suas mudanças absurdas de cabelo. Obviamente, Celina não faria isso simplesmente porque ela é boazinha, mas porque Odete Roitman (Beatriz Segall) alertava-a sobre seus gastos. A condição para o patrocínio? Torná-la sócia da futura rede de alimentos Paladar.

Inté.

27 de março de 2012

John Carter – Vale a pena ver, sempre…


Primeiramente, para falar deste filme vocês precisam me conhecer um pouco melhor. Sou psicólogo, completei minha pós em Formação de Psicanalista Clínico, também tenho especialização para atendimento clínico com crianças além, é claro, de adultos. Também sou um pouco sentimentalista, quando vejo algo que gosto, eu choro, me emociono, fico puto da vida, enfim, costumo manisfestar meus sentimentos.

Amo muito cachorros, adoro e tenho muito interesse em estudar guerras, e também as repudio.

Sou totalmente fanático por Star Wars, amo Senhor dos Anéis, tenho paixão por Warcraft, e adoro muitas trilogias, como Matrix, Poderoso Chefão, De volta para o futuro, Rock, Alien, Exterminador, etc, etc...

Sou noivo, e com esta morena linda vou me casar, estamos juntos a um TEMPÃO...

Quando assino algo, seja um trabalho, edição, texto, gosto de fazer meu melhor, e odeio seguir padrões.

Feito isso, farei minha critica sobre Jonh Carter....

Não vou colocar sinopse (lembra: faço diferente), não assisto trailler, porque ambos, na minha opinião, são spoillers, portanto como vou fazer uma critica de um filme sem dar spoilers?

Jonh Carter é FODA!!!

Esse filme é simplesmente tudo que eu queria em Star Wars e poderia ser claro que com a ausência dos sabres de luz. O filme tem muita ação, cenas enormes de batalhas épicas – seja de exércitos, seja de um personagem contra outro, seja, até mesmo, contra o exercito épico.

O filme tem todos os elementos que podem me colocar nas situações que falei acima – assista que você irá identificar, mas, que fique claro, eu gostei muito e você tem o direito de pensar diferente. Tecnicamente falando é um filme muito bem feito. Todos conseguiram contar uma historia muito legal, porém nada inovadora, tem desde Avatar, Pokahontas, até Matrix e Star Wars.

Os efeitos sonoros são de levantar da cadeira e as cenas inovadoras de batalha realmente encheram meus olhos. Trata-se de uma narrativa simples, porém, se perder alguns detalhes, você pode não entender a essência do que querem passar.

Emocionado – sim, fiquei em pelo menos 3 partes do filme muito emocionado. Acredito que o ideal para assistir esse filme é acompanhado, seja com seus amigos para as partes kabum, seja com seu parceiro(a) para as partes tchananã.

E, por falar em tchananã, que mulher linda! Que morena maravilhosa, exatamente meu tipo, Lynn Collins como Dejah Thoris, mandou muito bem! Na verdade, nem precisaria – só a presença dela já me deixa feliz. Uma curiosidade: ela fez a mulher do Wolverine no Origins, mas, em Jonh Carter, ela mandou muito bem, gostei mesmo.

Taylor Kitsch como John Carter também não foi ruim. Ele conseguiu mostrar a passagem pela qual o personagem se vê forçado a encarar e, assim, mudar toda a conduta e o enredo da história.

O filme tem a delicadeza de te fazer se apaixonar por alguns personagens. Fiquei fã de um “pequenino” cachorro, e, ao mesmo tempo, você se envolve na historia dele, se preocupando mais com ele do que com a horda de inimigos.

O filme apresenta aspectos na sua historia que chegam a ser filosóficos. Apresentam perguntas como: "quem sou?"; "de onde vim?"; "pra onde vou?"; "se é que vou?". Tudo isso em um mundo de fantasia, romance, aventura, etc...

Resumindo – vai já assistir! Eu recomendo demais esse filme, tem entretenimento, romance, fantasia, ficção, etc.Você pode levar sua vovózinha – tinha uma na minha frente e gostou do filme – sua namorada – a minha tava do lado – e os caras pra se divertir com as cenas de ação....

Manda ver, vai com fé que é curtição na certa !

E que a Força esteja com você, que é forte.

26 de março de 2012

Chico Anysio Show

Incrível como a irresignação de Presto, da Caverna do Dragão, era perceptível na voz de sua dublagem brasileira. Ele lutava contra sua inabilidade para a mágica, contra o fato de ser involuntariamente engraçado. Eu gostava daquilo.


E saía da zona de conforto ao perceber a insegurança e o rancor que irrigava de melancolia os fortes laços de amizade que uniam as personagens de Cláudia Rodrigues e Dira Paes, no extinto seriado A Diarista.

E ainda por cima, perdi a conta de quantas vezes imitei os gestos alegres e inocentes do Seu Boneco, sem atentar para a miséria física e intelectual que acometia sua essência, como síntese do despossuído.


São apenas memórias, que guardo com carinho, e demonstram que Nizo Neto (dublador do Presto), Bruno Mazzeo (criador de A Diarista) e Lug de Paula (Seu Boneco) possuem mais em comum com Chico Anysio do que podemos imaginar.

Chico dizia que não havia humor velho e novo, apenas humor engraçado e sem graça. É fato que diversos familiares do saudoso humorista enveredaram pelo ofício de fazer rir. Pelo que vejo, sem maiores escrutínios, de todos os filhos do mestre do humor, esses três são os que mais se assemelham a ele, pela verve agridoce.


Nessa linha, vejo o Professor Raimundo, um dos mais queridos personagens de Chico, representando o educador brasileiro, quase sempre uma figura egressa de um ambiente de poucos recursos, de pouco estudo, que vê na função de professor a saída para sua condição e a oportunidade de ajudar outras pessoas, de melhorar o país.

Chico homenageou sua cidade natal, Maranguape, dividindo-a com Raimundo. Além disso, embora uma estrela, abriu mão do protagonismo para servir de escada a outros humoristas, alguns precisando de uma chance, e muitos (veteranos) precisando apenas pagar as contas.


Autor de A Diarista, Bruno Mazzeo, mais ator que humorista, escreveu e atuou principalmente nos seriados Junto e Misturado e Cilada. Tal série, inclusive, migrou de forma bem-sucedida para o cinema. Talvez inspirado em sua personalidade, Bruno Mazzeo construiu um alter-ego impaciente, prático, e algumas vezes, carrancudo, mas quase sempre divertido. Tirando Bruno, os demais filhos de Francisco permanecem à sombra do pai, carecendo, talvez, de mais espaço para mostrar suas qualidades. Assim como o patriarca, que, a despeito do enorme talento, permaneceu imobilizado por um contrato com a Globo que o impedia de expandir os horizontes.

E, se for verdade o que reza a lenda, a redonda e quadrada emissora de televisão desperdiçou a maturidade criativa de um gênio, e não há como voltar atrás.

No fim dos anos 1990, quando o humor de Chico parecia superado para alguns, ele ressurgiu numa das primeiras tentativas recentes de antropofagizar as sitcoms – O belo e as feras, de 1999. Chico retornava à TV após 3 anos e, a cada episódio, fazia um novo papel, sempre contracenando com uma atriz diferente. Bruno Mazzeo foi o redator-final do programa que, infelizmente, não vingou.


Anos depois, Chico voltou a ser reverenciado no Zorra Total, encarnando seu fantástico personagem Alberto Roberto, e vários outros, em posteriores retornos, após alguns hiatos. E, em reconhecimento tardio, ganhou um programa anual, Chico e Amigos, no qual retomava inúmeros de seus personagens, que inclusive contracenavam entre si.


É impossível preencher o vazio causado pelo fechamento das cortinas do maior showman do humor brasileiro, mas torço para que o talento de seus filhos faça jus a seu legado, criando momentos que continuem a emocionar a todos nós, muito além do riso fácil.