Toda a cobertura de um evento opta pelo título ora exposto para falar do dia de encerramento. Como não sou um autor que tem fé em conceitos como originalidade ou mesmo integridade com relação às ações humanas (e, entendam: escrever é uma ação humana até que se prove o contrário…), por que não me utilizar de um clichê jornalístico para tecer comentários sobre o último dia das Ias Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos da USP? Talvez, eu consiga fazer com que o clichê volte a ter seu significado comum e corriqueiro ou, talvez ainda, consiga fazer com que ele retorne ao seu significado de origem, não é mesmo?
Chegamos, dessa vez no horário (ou quase isso), para assistir a mesa 38 – HQ e novas tecnologias. Nela, estavam Paulo Ramos e Lucio Luiz. O primeiro falou sobre a ampliação dos blogs de tiras na vida dos quadrinistas brasileiros e de como uma diferença de suporte muda o prestígio com que se olham os artistas. Assim, Paulo afirma categoricamente que o suporte jornal ainda mantém certa premência com relação ao suporte web.
Lucio Luiz analisa a recente leva de podcasts que abundam na internet brasileira. Ele se ocupa em estabelecer um pequeno histórico sobre os programas e apresenta ao público as peculiaridades do programa com relação à contraparte americana. Enquanto os casts (porque sou descolado) brasileiros são confeccionados por fãs, os programas americanos recebem um grande aparato de profissionais, o que gera uma receita em marketing e novas produções.
Rapidamente, migramos para a mesa 45 HQ e Identidade em que T’Challa novamente se apresentaria. Fabio Caim e Adelio Brito apresentaram sua comunicação analisando os desenhos de Frank Miller em 300 de Esparta e sua correlação com o ideário de masculinidade abordado pelo autor. Faltou uma análise mais concernente ao texto de Miller, mas os autores deixaram claro que se trata de um trabalho da área de publicidade, o que gera esse tipo de distorção.
Eleida Pereira de Camargo apresentou sua comunicação que, nada mais era do que um relato da experiência ocorrida em hospitais que se utilizou de quadrinhos para conscientizar crianças sobre doenças e distúrbios do sono. O que mais chamou a atenção do público fora a discussão entre as avaliações das crianças e de especialistas no que consta à criação das personagens, pois foram feitas duas vertentes de cada personagem utilizado.
Novamente, T’Challa comunica-nos que Batman pode ser interpretado como uma personagem que resignifica o complexo de Édipo. Mudando a escala de puramente individual para coletiva, Wayne colocaria Gotham como sua mãe e torna o pai um fantasma a ser superado, pois Thomas era um benfeitor da cidade e Batman é o benfeitor da cidade, superando a criminalidade e, por várias vezes, superando a ajuda realizada pelo pai.
Por último tivemos, novamente, uma análise de Rê Bordosa sob a ótica do feminismo. Aqui, Maria Jaciara não se aproveita somente do discurso feminista padrão, mas mostra um avanço com relação aos temas do feminismo, analisando de empréstimo o olhar de Angelli com relação aos temas concernentes às mulheres dos anos 1980.
Depois disso, obviamente, não aguentava mais S. Paulo e dirigi-me ao Rio de Janeiro com todos os seus problemas (os quais já estou habituado), mas saí de lá com a certeza de que há um enorme esforço em tentar entender os quadrinhos como um fenômeno cultural por excelência e isso é algo que devemos ter em mente sempre que visitamos um evento na Academia: “Será que o evento revela a real importância das pesquisas para o conhecimento?” Nesse caso, o saldo foi extremamente positivo...
Inté.
Muito boa a cobertura Dr.
ResponderExcluirParabéns!
Valeu, garoto! A gente faz o que dá da (que não é maravilha) melhor forma possível.
ResponderExcluirAbraços.