Em nosso último encontro, falamos sobre a importância do ícone do herói (entenda super-heróis também, por favor). Então, hoje, falaremos um pouco de algumas classificações desses seres... se preparem que hoje o tema é mais complicado (já tô avisando). Apertem os cintos (que droga, esta fala com a dos desenhos do He-Man, só falta chamá-los de amiguinhos).
A primeira divisão que farei com vocês é a divisão mais clássica que divide os heróis em dois grandes tipos: os heróis épicos (legais) e os heróis romanescos (chatos). Lembrando que há inúmeros pesquisadores que se debruçaram sob novas camadas de classificação, mas, para o que desejo mostrar, só isso basta.
O herói épico é aquele que normalmente estabelece uma ordem na sociedade, tornando o maior símbolo de determinada característica da mesma. Aquiles e Héracles (o do mito grego, não o dos quadrinhos, nem o dos filmes e muito menos o do seriado) são exemplos, pois, durante seu percurso (leia Campbell para saber mais), ele vai explicando o motivo de determinadas coisas acontecerem (como é o caso de Enéas), ou o motivo pelo qual elas devam acontecer. Aliás, os mitos de criação costumam apresentar o mesmo movimento.
Nos quadrinhos, temos como exemplo Superman (com o seu modelo de justiça, verdade e modo de vida americano - PS: Isso porque todo americano dá "amém" para o amarelo...), Capitão América (e a sua chamada dos jovens para a II Guerra Mundial, e a utilização de uma bandeira como roupa), são bons exemplos de heróis, de ícones da ordem para uma determinada sociedade.
Já o herói romanesco (que, pra mim, são chatos) são heróis que, por não terem poderes tendem a se parecer mais com os seres humanos. Então, o seu ambiente será mais real (sem monstros, criaturas alienígenas, Papai Noel e etc). É típico do herói do tipo romanesco um certo grau de evolução com o decorrer da narrativa.
Esses personagens tiveram as suas origens no século XVII, na Alemanha. Não há exemplos dos mitos gregos (pô, século XVII, lembra?), mas talvez o maior exemplo de todos os tempos na Literatura seja o Jovem Werther que, por conta de uma paixão, passa por imensas transformações subjetivas (não conhece? Procura o livro nos sites de busca). Um herói dos quadrinhos que pode ser considerado romanesco é o Tarzan (tem quadrinho dele também) que reflete a progressão do homem em seu domínio da natureza.
Esses tipos de heróis apresentam diferenças que eu já disse como a questão da ambientalização mais parecida com a sua, querido leitor no caso herói romanesco, enquanto a do herói épico estará infestada de criaturas fantásticas. Outra diferença marcante entre eles que foi dita é o fato do herói romanesco ter suas aventuras muito mais voltadas para uma ordem pessoal, mais interiorizada que fará dele um personagem envolvida no caos, pois as narrativas costumam trabalhar com os aspectos negativos da sociedade. O herói épico, por outro lado, servirá para trazer a ordem a um determinado grupo em momentos de completo desamparo.
Existe mais uma diferença relevante – o herói épico (acorda garoto, estou falando do épico agora) é um símbolo de uma ideia de perfeição, por isso ele nunca será derrotado e quando for será de uma maneira tão grandiosa quanto a sua história (como é o caso de Aquiles). O herói romanesco, por dialogar com a falha social, normalmente não atingirá seu objetivo por completo, mas sim terá uma busca constante de algo que às vezes ele mesmo desconhece ainda, o que acaba mudando-o ao longo do tempo da narrativa. Em outras palavras, o herói épico não aprende, o herói romanesco aprende e muda ao longo da história.
Bom, meninos, antes que vocês comecem a me encher os bagos, é importante saber que os heróis dos quadrinhos nascem da mistura desses dois tipos de heróis literários e que um determinado aspecto do personagem penderá mais para um lado ou para o outro de acordo com o que se quer construir de cada um.
Dúvidas? Havendo é só comentar. Satisfeito? Havendo insatisfações é só comentar. Ficou bom? Se ficou excelente também adivinhem… é só comentar...
Até mais.
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