9 de fevereiro de 2012

Reboot da DC: Quem diabos é esse Dr. Amadeus Arkham?!

Os leitores desse blog, que possui periodicidade pior do que a agenda de reuniões do Congresso Nacional, devem ter notado (se forem alfabetizados) que a alguns posts atrás eu disse que publicaria uma análise do que Jonah Hex estava fazendo em Gotham City, certo? ERRADO! Eu disse que, potencialmente, Jonah Hex poderia estragar uma das personagens mais interessantes da mitologia Batman: Amadeus Arkham.



O bom Dr. Arkham é o fundador do Asilo que, no melhor estilo Simão Bacamarte, o prende junto aos mais loucos criminosos do final do século XIX e início do século XX em Gotham City. Devemos lembrar que Gotham inicia sua trajetória na atual cronologia em meados de 1850, constituindo-se como uma cidade importante (o que significa que temos agora sua própria estação de trem), em 1880. Esse é o ponto de partida das primeiras cinco edições de All-Star Western (ainda não publicada no Brasil em papel, portanto, não sei se serão spoilers ou não).

A história contada por Justin Gray e Jimmy Palmiotti centra-se na chegada de Jonah Hex em Gotham no ano de 1880. A cidade encontra-se em pleno desenvolvimento e, com isso, em plena progressão dos crimes aos quais Bruce Wayne está acostumado a lidar. Hex mal entra na cidade e já é apresentado ao que ela tem de melhor: prostitutas, ladrões e crimes, muitos crimes.



Jonah Hex, como não poderia ser diferente, mata os criminosos que tentam roubar seu cavalo, mostrando que não há alterações na personagem. Trata-se do bom e velho Hex, não aquele cowboy bonzinho e deformado que fora ao futuro, mas o desgraçado aventureiro e caçador de recompensas que estrelou a 20 anos atrás uma série da Vertigo e que continua sua trajetória desde então. Como o post não é sobre Jonah, limito a estabelecer essa premissa e vamos logo ao que interessa, não é mesmo?
Na trama da primeira edição de All-Star Western, temos, além da apresentação de Hex como caçador de recompensas, o aparecimento de Amadeus Arkham. Ele está associado com a polícia de Gotham como uma espécie de consultor, pois os crimes na cidade estão tomando novas proporções. Proporções, digamos, mais elegantes.



Obviamente, a corrupção policial já está consolidada e estamos assistindo uma campanha de alguns policiais pela limpeza da corporação (limpeza que durará, pelo menos, 300 anos) e a associação de Arkham com a polícia não será reconhecida por ser polêmica. Deve-se lembrar que a profissão de psicólogo/psicanalista ainda não era determinante para a sociedade moderna (Freud, por exemplo, estava no início de seu relacionamento com a cocaína). Parando para pensar um pouco: por que Gotham já é corrupta? É uma cidade que ainda está em processo de consolidação, então, a correlação com a corrupção é irrelevante, pois TODAS AS CIDADES DOS EUA ASSIM O ERAM. Mesmo assim, o leitor perdoa o erro histórico. O que ele não perdoa são os erros com adaptações mal feitas de personagens, não é mesmo?

Talvez, a melhor versão (já que apareceu algumas histórias de Batman nos anos 1990) de Amadeus Arkham encontra-se num game. Em Batman: Arkham Asylum (PC, PS3 e Xbox), Amadeus Arkham aparece como uma fantasmagoria que mostra como Gotham é uma cidade marcada por um influxo psicótico desde muito cedo. Nas crônicas do espírito de Amadeus, vemos como a história do bom doutor é realmente trágica, Paul Dini (roteirista do jogo) mostra Amadeus como um psicanalista que tem de enfrentar a crescente onda de crimes psicóticos em Gotham e, ao mesmo tempo, lidar com o assassino de sua família. De maneira trágica, o doutor se torna um dos pacientes. Acompanhe a história abaixo:

Outra proposta – mais respeitosa – de Amadeus Arkham

O que vemos em All-Star Western? Amadeus torna-se apenas um intelectual atrapalhado que serve para o alívio cômico e para algumas explicações durante a série. Por mais triste que seja, Amadeus não lembra em nada a versão de Paul Dini, como pode-se ver…




Preciso comentar mais? O que está ocorrendo é uma profunda falta de conhecimento sobre os homens do século XIX e suas biografias, mas o que poderíamos esperar de quadrinhos? Acho que deveríamos lembrar de Batman: 1889 para termos um excelente background para os personagens…

Inté.