Sempre que vou a um evento acadêmico, não posso deixar de notar o tom de pseudo-seriedade que surge. Algo como se o evento fosse desbaratar o segredo da roda, ou mesmo provar que o motor de nêutrons pode ser fabricado com materiais que você encontra na padaria, ou mesmo quem é Deus – se está vivo ou já morreu como diria Nietzsche... Sempre há essa aura fabricada por todos como sendo um acordo de que aquilo tem a mais alta gravidade. Bem, pra mim, a gravidade neste planeta, continua com 9,8m/s² de aceleração, o que torna tudo uma imensa piada como diria o Comediante, em Watchmen.
O Coficon – 1º Colóquio Internacional de Filosofia e Quadrinhos (com o subtítulo Diálogo entre o pensamento filosófico e as HQ’s) – já começa pecando no sub-título. Uma dica preciosa aos leitores de plantão que acham que conhecem todas as regras de escrita (variação linguística, antes que alguém diga, tem relações muito mais coerentes com atos de fala; com relação à escrita, não passa de desculpa esfarrapada para burrice e incompetência linguística): siglas e abreviações, em língua portuguesa, não são pluralizáveis em sua maioria. No caso de “HQ”, é ainda mais aberrante, porque a abreviação significa “História em QuadrinhoS” ou “HistóriaS em QuadrinhoS” (‘s’ aumentados graças à fórmula de Hank Pym©), preciso explicar agora o absurdo com relação ao ‘s’ final?
Revisão textual à parte, falemos do evento em si. O Coficon durou apenas dois dias, mas poderia ter-se espalhado por todos os dias da Rio Comicon, explico: a organização do evento simplesmente não preparou NADA para as manhãs, o doutor mais odiado no pedaço aproveitou o local até o sábado para estudar um pouco (é, meus queridos, se você quer ser algo na vida ESTUDE e não é necessário fazer universidade, lembre sempre disso...). Como não havia NADA, NADA, NADA, o Coficon poderia aproveitar-se disso para inserir mais comunicações enquanto evento paralelo dentro do mesmo espaço. De qualquer forma, devemos notar os pontos extremamente positivos do Colóquio.
O primeiro deles foi adequar-se ao espaço da Rio Comicon. Explico: só há um auditório para o evento e isso exige que todos aqueles que desejam participar devem adequar-se a esse mínimo espaço para suas palestras, gerando assim uma enorme redução do tempo de apresentação e debate (20 min. de apresentação e cerca de 10 min. de debate para cada expositor). Nesse ponto a organização da Coficon foi excepcional, pois conseguiu, na ampla maioria dos casos, cumprir a tarefa. Excessão feita no domingo com relação a um convidado especial.
O segundo ponto alto, que pode não agradar ao leitores de quadrinhos, mas já está no título – as HQ são somente o suporte escolhido para se falar de filosofia, esse era o centro. Isso gera, muitas das vezes, uma enorme explicação filosófica em detrimento ao material analisado. Como o título colocou filosofia antes de quadrinhos, isso não é problema, mas pode ser revisado para o ano de 2012.
O terceiro e mais importante ponto foi que, rapidamente, todos os que estavam presentes perceberam que o evento NÃO ERA PARA UM PÚBLICO ACADÊMICO. Isso gerou um certo traquejo de todos os expositores (exceto um) para adaptar suas falas ao público que estava assistindo ao evento (em sua ampla maioria nerds vagabundos).
Semana que vem, escrevo, literalmente sobre as mesas do evento em si e da segunda participação da velha doida dos X-Men na Rio Comicon...
Inté.
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