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29 de dezembro de 2011

Coficon e Rio Comicon se encontram na última mesa (ou parte final)

Como disse semana passada, o Coficon foi interrompido por uma ilustre presença. Sim, senhores, o velhinho mais identificado com os mutantes da Marvel adentrava o auditório de comunicações da Leopoldina para uma saraivada de perguntas dos acadêmicos e dos demais fãs que acordaram cedo. Se vocês lembrarem de como foi o encontro entre Ebony Spidey e o sr. Claremont, vocês podem imaginar como me preocupei naquele momento.


Devo reconhecer que a grande maioria das perguntas realizadas foi, de fato, de um nível muito superior àquelas feitas no dia anterior. Mesmo assim, eu estava com uma certa desconfiança com relação à produção de Claremont. Se olharmos as origens dos X-Men, com as histórias de Stan Lee e seus milhões de ghost-writers, notaremos que há uma forte presença do número 3 nas relações, mas o estilo ágil dos anos 1960/1970, não permitiu um grande aproveitamento, mas já estava lá.

Claremont, por sua vez, ao trabalhar com os X-Men investiu e problematizou esse número 3 a níveis absurdos. Transformou praticamente tudo na série em algo com 3 pessoas ou 3 signos envolvidos. X-Men x Sentinelas x Irmandade dos Mutantes. Xavier x Bolivar Trask x Magneto. Wolverine x Jean Grey x Ciclope. Enquanto Stan Lee, portanto, apresentou o número 3 enquanto possibilidade ficcional, Claremont tratou o esquema triádico como fundamental para o entendimento das relações humanas em X-Men. Bem, é fácil pensar essas relações, mas complica pensá-las como elas funcionam. Rene Girard (se quiser saber quem é, veja AQUI) nos lembra que essa relação se dá por meio de sentimentos negativos que são habilmente disfarçados para realçar o caráter heroico das personagens.


Com isso em mente, fiz uma pergunta ao sorridente Claremont, relacionando essa estruturação triádica em sua organização ficcional com a temática do desejo e de como a inveja se torna fundamental para essa dinâmica. Creio que peguei pesado, mas a resposta foi sincera. Ele disse que nunca pensara muito sobre isso, acontecia naturalmente, mas que uma relação em três sempre envolverá que um dos personagens terá duas escolhas. Há um problema nessa resposta: se ele estabelece que uma relação triádica no seu pensamento enquanto roteirista, ele necessariamente deveria colocar-se numa mesma relação triádica de produção, pois quadrinhos, mesmo os autorais, são um trabalho em equipe. E, talvez, essa seja a minha maior crítica ao evento como um todo.

Temos de entender de uma vez por todas que o mal romântico (um termo cunhado por Girard) se reconstrói em várias esferas do saber humano. Absolutamente nada, em termos de arte, pode ser considerada uma produção individual. Um objeto estético é, em parte, a reprodução de um pensamento coletivo que um artista, ou, no caso dos quadrinhos, artistas expressa sobre um determinado problema da humanidade. Isso implica dizer que um romance não é a expressão do gênio, mas um reflexo interpretado de nós mesmos. Claremont e todos os artistas que compareceram ao Comicon do Rio de Janeiro expressaram que sua produção artística é individual e uma expressão de seu próprio ego com o intuito de se comunicar com o outro. Isso é a mais pura mentira. Claremont precisou de desenhistas que interpretaram a sua interpretação e a transformaram em imagens que, por seu turno, precisou de arte-finalistas para que as imagens pudessem ser reproduzidas que, por seu turno, precisou de coloristas para colocar as cores (mesmo sendo preto e branco) para que as imagens não se tornassem meramente uma reprodução de nanquim que, por sua vez, precisou dos leitores que interpretaram isso tudo e iniciaram um novo processo de interpretação para que aquela primeira interpretação se perdesse em prol de novas interpretações. Como pensar, então, que um objeto artístico seja meramente a expressão de um gênio?


A resposta é fácil porém cruel. Claremont e os outros artistas simplesmente retiram o Outro da equação e o transformam em si mesmo. Ou seja, fazem a mesma coisa que Ciclope em sua relação com Jean Grey. Ao retirar o “incômodo” Logan (que mexia muito mais com as ancas da Fênix), Summers poderia se imaginar como o amante supremo de Jean, mas sempre que notava a aproximação de Logan e via como sua auto-imagem era falha, tudo o que poderia sentir era inveja e uma vontade, mesmo que ignorada, de se tornar Wolverine. Agora, caro leitor, olhe os frutos da obra de Claremont, ou seja, vejam o que foi feito depois e me respondam: Wolverine e Ciclope não têm se aproximado cada vez mais e se tornado dia-a-dia cada vez mais parecidos?

A mentira romântica gera esse fruto. Um bando de “gênios” que, ao não notar o Outro, apenas podem imitar esse outro em prol de afirmarem-se enquanto indivíduos isolados. Tentam se isolar, serem individuais, tornando-se iguais aquilo que invejam. Como diria o inquilino do Chris, “Trágico, trágico!”

Inté.

22 de dezembro de 2011

Coficon – O evento acadêmico da Rio Comicon (Parte 02)

É, senhoras e senhores... Depois de um mês e uma passagem pelo Olimpo, o – espero – estimado doutor retorna para comentar a segunda parte do Coficon. O segundo dia marcou o início da quarta mesa do evento com as comunicações: “Mulher-Maravilha e o mito das amazonas”, “Urubucamelô: o lugar da HQ e sua apropriação por outras linguagens”, “Hyperion: de Friedrich Hölderlin à Marvel Comics”, “Watchmen e o Niilismo”, “Crise nas Infinitas Terras: Uma univocidade do ser?” e “Chris Claremont e a estética dos super-heróis”. Devo confessar que esse segundo dia foi mais interessante que o primeiro, pois parece que os organizadores conseguiram captar que este evento acadêmico não estava em seu ambiente principal. Dessa forma, durante todas as palestras os acadêmicos procuraram deixar claro para o público todas as nuanças de suas pesquisas.



Apesar desse ponto positivo, cabe a nós (ou seja, a mim, pois fui o único que conseguiu estar em todas as comunicações) falar um pouco sobre cada um dos trabalhos. O segundo dia foi marcado por certa insegurança com relação às comunicações. Em “Mulher-Maravilha e o mito das amazonas”, Susana de Castro demonstrou um ótimo conhecimento sobre a questão clássica concernente ao mito, mas pouco conhecimento com relação à história da criação de W. M. Marston. Temos de admitir, no entanto, que a história da Princesa da Ilha Paraíso está dentre as mais confusas do Universo DC (perdendo, é claro, para a história do Gavião Negro). Sua cronologia atropelada e, por muitas vezes, contraditória, é, segundo a pesquisadora um realce de determinadas funções de reelaboração do mito das amazonas. Parece para a autora que o mito, tomado como primeira expressão do feminismo por nossos contemporâneos, sempre permeou o imaginário da personagem, fazendo com que, ora ela se “modernizasse”, ora ela se “arcaizasse”.



Em “Urubucamelô: O lugar das HQ e sua apropriação por outras linguagens”, temos um trabalho estético realizado por Fernando Gerheim. Trata-se de uma tentativa de criação de um personagem que discute, do ponto de vista filosófico, o homem brasileiro que se encontra nas bordas da oficialidade. Enquanto nos EUA, esse homem se encontra no aspecto do vigilantismo, no Brasil, temos o camelô como figura máxima, aos olhos de Gerheim, dessa mesma marginalidade não-marginal. Depois dessa rápida explicação, vimos um curta metragem sobre a origem desse superser – oriundo dos camelódromos do Rio de Janeiro, a personagem acaba parando em um lixão e, com fome, degusta todo o tipo de lixo desse local – medicamentos, lixo hospitalar e uma substância verde que acaba por transformá-lo no Urubucamelô, mais um personagem que denota a profunda submissão que o brasileiro médio sente se confrontado com outras culturas.


Watchmen e o Niilismo” (porque não tivemos a comunicação sobre Hyperion) é a análise comparativa do gosto realista que está permeando a nossa sociedade e a questão do esgotamento das filosofias no século XX. Dessa forma, o trabalho baseia-se na famosa problemática das crises (do autor, do herói, dos quadrinhos). Fabio compreende que a obra de Alan Moore trás para os quadrinhos determinados problemas já abordados em outras linguagens artísticas, mas com nova força – desenvolvendo os limites da linguagem das HQ e, praticamente, ditando os rumos tomados pelos quadrinhos estadunidenses a partir de meados dos anos 1980.


Logo após, tivemos “Crise nas Infinitas Terras: uma univocidade do ser?”, em que Luis Felipe Castro Alencastro desenvolve uma reflexão sobre a famosa saga que tentou organizar o Universo DC (aquele puta-puteiro-do-caralho) e que, para ele, está atrelado ao desenvolvimento de determinada tradição na filosofia que versa sobre a relação do ser com o chamado real. Dessa forma, vemos, permeando a narrativa de Crise nas Infinitas Terras, uma correlação com as questões concernentes a Deus, ao homem, ao saber como central para a estruturação da existência humana.

Depois disso, não tivemos mais comunicações. Isso porque chegou um convidado que tomou a festa da manhã na Rio Comicon. Falarei dele na próxima semana.

Inté.

8 de novembro de 2011

Coficon – O evento acadêmico da Rio Comicon (Parte 01)

Um evento acadêmico organizado dentro de um evento pop sofre dificuldades que já abordei na primeira parte dessa série (AQUI), mas isso pode ser sanado com adaptações de conceitos e noções para o público que é leigo no assunto. Dessa forma, pode-se, por exemplo, munir a plateia com conceitos sem que elas saibam e não recorrer a algumas práticas próprias da academia com o intuito de fazer com que as opiniões do público tornem-se instrumentos com algum valor para o pesquisador da área de quadrinhos (falo por experiência: minha participação no blog é uma tentativa consciente de fazer o mesmo, daí a grande dificuldade – minha – de expor certos problemas nos artigos).

No primeiro dia do Coficon, infelizmente, não foi isso o que ocorreu, em parte. No dia 22 de outubro, às 10 horas, tivemos as comunicações “Sobre quadrinhos e a filosofia: a questão autobiográfica”, de Marcos Carvalho Lopes; “Realidade e ficção nos quadrinhos”, de Fabio Mourilhe; “Sandman: para além do sonho e do devaneio”, de Luis Felipe Castro Alencastro; e “A noção de ruptura de Bachelard nas HQ”, de Fabio Mourilhe. Um primeiro dado importante: em Língua Portuguesa, as siglas não apresentam pluralização quando o último termo já está no plural. Portanto, história em quadrinhos (HQ) e histórias em quadrinhos (HQ) são apresentadas com a mesma sigla e sua pluralização se dá de maneira contextual. Por esse motivo, tomei a liberdade, caro leitor, de corrigir alguns títulos na presente resenha para que não haja dúvidas quanto à correção gramatical de nosso blog.


Marcos Carvalho apresentou, conforme dito acima, a relação entre histórias em quadrinhos e memória, no romance de Umberto Eco chamado A misteriosa chama da Rarinha Loana. Sendo um dos primeiros europeus a lidar com o tema quadrinhos, Eco pode ser considerado um profundo conhecedor dos quadrinhos italianos e da emigração dos quadrinhos estadunidenses em todo mundo. No romance, a personagem possui um tipo específico de amnésia e sua memória é reconstituída enquanto leitor de quadrinhos. O mais importante da palestra, talvez, é determinar que há uma relação entre diversos sistemas semióticos diferentes (HQ, literatura, cinema, pintura, etc), ou seja, as artes, apesar do que os acadêmicos prezam, não mantêm-se isoladas dentro de seus próprios sistemas, mas há uma óbvia comunicabilidade entre elas. Umberto Eco realiza, então, um duplo processo: imprime um diálogo entre literatura e HQ, por um lado e, por outro, uma comunicação entre algumas teorias da psicologia e filosofia com relação às HQ.


Fabio Mourilhe fala, na comunicação “Realidade e ficção nos quadrinhos”, sobre a fronteira entre ficção e não-ficção em um amplo recorte de HQ. Nesse recorte, vemos a questão da fabulação de maneira mais funcional do que aquilo que é usado nos estudos literários. Fabio entende a fabulação como mecanismo de ordem moral-teleológica (ou seja, como uma espécie de organizador da moralidade “superior” na sociedade) e sua dinamização pela função da metalinguagem. Um dos exemplos comentados é o conhecido caso de Grant Morrison e o Homem-Animal. É claro que o leitor guarda essa cena com enorme carinho em seu cérebro, o que me dispensa de fazer uma descrição. Mourilhe apresenta a proposta sob o signo do realismo, como objetivo-fim dos quadrinhos em algum sentido. Para ele, portanto, as HQ dialogam com a realidade, tendo como base suas “verdades ficcionais”.


A segunda mesa em que o tema é Bachelard foi, digamos, excêntrica. De um lado, Luis Felipe Castro Alencastro, desenvolveu em “Sandman: Para além do sonho e do devaneio” os pressupostos de Bachelard em torno das duas noções, mas criou um abismo com relação ao objeto de análise. Muito tempo gasto em definir um histórico que possibilitasse a emergência dessas noções e pouca análise da obra com relação a essas definições. Depois disso, Mourilhe retorna a trabalhar o tema da continuidade, utilizando para tanto a noção de Bachelard de ruptura. Acredito que uma rápida pesquisa possibilite ao leitor fazer a mesma correlação de maneira rápida. O que chama a atenção é que Mourilhe não fala abertamente sobre continuidade, mas a define de maneira exemplar como sendo “os instantes que se revelam relevantes para a produção posterior daquele evento primeiro”.

A terceira mesa teve a participação de Peter Kuper, autor estadunidense de quadrinhos políticos que expressaram ao público brasileiro que nem só de super-heróis e zumbis vive a comunidade americana. Kuper, tal qual Joe Sacco, pode ser considerado um dos proeminente autores de quadrinhos-jornalísticos, ou charges narrativas, se preferir. O autor mostrou, em sua palestra, uma verdadeira seleção de quadrinhos que causaram comoção no público que, surpreso, via nas ilustrações que o artista americano está pensando numa escala muito maior do que se pensava. Além disso, um tema foi amplamente debatido: a censura ao trabalho do artista. Como seu principal veículo era o jornal, a censura de um editor para trocar uma imagem aqui, proibir a publicação de uma ilustração acolá, torna, para Kuper a dinâmica de possibilidades de abordagens um problema: ao mesmo tempo que frustra, serve também como catalisador de novas ideias, tornando esse papel (do censor) um obstáculo que gera, ao fim, uma maior criatividade para o artista.

E foi assim que terminou o primeiro dia da Coficon, semana que vem teremos a segunda parte da cobertura (ui!).

Inté.

3 de novembro de 2011

COFICON – O evento acadêmico da Rio Comicon (Introdução)

Sempre que vou a um evento acadêmico, não posso deixar de notar o tom de pseudo-seriedade que surge. Algo como se o evento fosse desbaratar o segredo da roda, ou mesmo provar que o motor de nêutrons pode ser fabricado com materiais que você encontra na padaria, ou mesmo quem é Deus – se está vivo ou já morreu como diria Nietzsche... Sempre há essa aura fabricada por todos como sendo um acordo de que aquilo tem a mais alta gravidade. Bem, pra mim, a gravidade neste planeta, continua com 9,8m/s² de aceleração, o que torna tudo uma imensa piada como diria o Comediante, em Watchmen.


O Coficon – 1º Colóquio Internacional de Filosofia e Quadrinhos (com o subtítulo Diálogo entre o pensamento filosófico e as HQ’s) – já começa pecando no sub-título. Uma dica preciosa aos leitores de plantão que acham que conhecem todas as regras de escrita (variação linguística, antes que alguém diga, tem relações muito mais coerentes com atos de fala; com relação à escrita, não passa de desculpa esfarrapada para burrice e incompetência linguística): siglas e abreviações, em língua portuguesa, não são pluralizáveis em sua maioria. No caso de “HQ”, é ainda mais aberrante, porque a abreviação significa “História em QuadrinhoS” ou “HistóriaS em QuadrinhoS” (‘s’ aumentados graças à fórmula de Hank Pym©), preciso explicar agora o absurdo com relação ao ‘s’ final?


Revisão textual à parte, falemos do evento em si. O Coficon durou apenas dois dias, mas poderia ter-se espalhado por todos os dias da Rio Comicon, explico: a organização do evento simplesmente não preparou NADA para as manhãs, o doutor mais odiado no pedaço aproveitou o local até o sábado para estudar um pouco (é, meus queridos, se você quer ser algo na vida ESTUDE e não é necessário fazer universidade, lembre sempre disso...). Como não havia NADA, NADA, NADA, o Coficon poderia aproveitar-se disso para inserir mais comunicações enquanto evento paralelo dentro do mesmo espaço. De qualquer forma, devemos notar os pontos extremamente positivos do Colóquio.

O primeiro deles foi adequar-se ao espaço da Rio Comicon. Explico: só há um auditório para o evento e isso exige que todos aqueles que desejam participar devem adequar-se a esse mínimo espaço para suas palestras, gerando assim uma enorme redução do tempo de apresentação e debate (20 min. de apresentação e cerca de 10 min. de debate para cada expositor). Nesse ponto a organização da Coficon foi excepcional, pois conseguiu, na ampla maioria dos casos, cumprir a tarefa. Excessão feita no domingo com relação a um convidado especial.


O segundo ponto alto, que pode não agradar ao leitores de quadrinhos, mas já está no título – as HQ são somente o suporte escolhido para se falar de filosofia, esse era o centro. Isso gera, muitas das vezes, uma enorme explicação filosófica em detrimento ao material analisado. Como o título colocou filosofia antes de quadrinhos, isso não é problema, mas pode ser revisado para o ano de 2012.

O terceiro e mais importante ponto foi que, rapidamente, todos os que estavam presentes perceberam que o evento NÃO ERA PARA UM PÚBLICO ACADÊMICO. Isso gerou um certo traquejo de todos os expositores (exceto um) para adaptar suas falas ao público que estava assistindo ao evento (em sua ampla maioria nerds vagabundos).

Semana que vem, escrevo, literalmente sobre as mesas do evento em si e da segunda participação da velha doida dos X-Men na Rio Comicon...

Inté.

2 de novembro de 2011

"Seu Chris, numa balada você sairia com o Wolverine ou com o Dente de Sabre?" (Segunda parte)

Fala aê, galera!!!!

Semana passada, ou nesta semana ainda, (estou perdido em mais um vórtex temporal), estava contando como foi minha experiência de estar na entrevista que o senhor Chris Claremont concedeu ao Rio Comicon. Hoje, eu termino esta bodega, porque estou afim de falar sobre coisas que me são maneiras, não sobre a tristeza daquele dia.

Bom, continuando, perguntaram ao Mestre Kame da Marvel o que ele achava sobre o reboot da DC e, depois de mais uma rebolada, disse que a Marvel faria o seu melhor para não ficar atrás da DC (agora, veja você – como diria o Alborghetti – “mas que barbaridade”, que respostinha mais safada).

Quando perguntado se, em alguma vez, ele já havia pensado em parar antes? Sua resposta foi um "claro que sim" (eu concordei, eu mesmo já pensei várias vezes em pedi-lo para se aposentar).

Alguma alma lá de trás perguntou se os X-Men teriam a mesma mensagem para os dias atuais e a resposta do senhor “EUAno” foi que, de fato, a série ainda trazia a mesma mensagem para mundo atual (espero que ele não esteja se referindo à mensagem massavéio).

Quando perguntado sobre as mortes e “desmortes”, o Todo mundo odeia o Chris falou que acha isso um puta-puteiro-do-caralho (tradução livre), que, por ele, nem “O Jean” teria voltado (não faria diferença), mas, como quem pode manda e quem tem juízo obedece, tiveram que ter uma ideia imbecil para trazê-la novamente para formação da X-Factor.

Depois de ter sido perguntado do seu pior desenhista (John Byrne), do seu melhor desenhista (John Byrne), alguém teve a sacada de perguntar mais diretamente sobre o senhor John Byrne. Sua resposta foi: "ele é um cara brilhante, mas não tão brilhante como todos os outros" (ah tá, Rob Liefeld).

Perguntaram sobre algum personagem que ele gostaria de ter desenvolvido mais e o senhor Claremont respondeu que tinha centenas de personagens que ele gostaria de desenvolver. Mesmo assim, ele não pode desenvolvê-los, pois todos o vêem como o mastermind (mestre do mindinho, em tradução livre) dos X-Men. De qualquer forma, depois desses anos todos longe dos mutantes (longe em termos, né, X-Men Eternamente?) algumas dessas ideias hoje poderão rolar (caguei né).

Bom, indo para o podrão das entrevistas, duas perguntas me fizeram repensar minha ida neste dia (e as malditas palavras do Dr. House que afirmou antes de ir embora: "Não vou assistir a essa palestra do Claremont porque fanboy tem lapsos de inteligência que me dão vontade de sacar uma adaga Sai), vamos por ordem decrescente de mongolices.

Perguntaram se ele contrataria o digníssimo senhor Liefeld, a resposta foi até “elegante” depois de uma enrolada ele afirmou que deixaria as mulheres resolverem.

A pérola foi quando algum ser maldito perguntou qual seria a escolha dele para uma “balada” no Rio de Janeiro, Wolverine ou Dentes-de-Sabre (fiquei tanto tempo rindo de vergonha dessa pergunta imbecil que nem prestei atenção na resposta, mas tinha a ver “com espera para ver...”)?


A partir daí, o pessoal desceu o nível, perguntando se algum dos personagens viria ao Rio e outro cretino perguntou se ele poderia dar um jeito no personagem Aquaman (esta última pergunta respondida com a rápida pergunta “Who?”).

Pois bem, considerando tudo, o evento foi bom, algumas cosplayers que estavam lá eram excelentes (menção honrosa à Ravena – sensacional), a oportunidade de ter conhecido um ícone das histórias em quadrinhos que eu lia foi ímpar, mas ficar numa plateia cheia de fanboys (salvo um ou outro no momento), e este mesmo ícone a que me referi rebolando nas perguntas... na boa, podia ter ido pra casa mais cedo.

Bom galera até a próxima, espero que menos rabugento.

1 de novembro de 2011

"Seu Chris, numa balada você sairia com o Wolverine ou com o Dente de Sabre?" (Primeira parte)

Fala aê, galera!!!!

Como geral já deve saber, e como o Dr. House já disse, mês passado tivemos o lendário Rio Comicon, evento legal que reuniu vários teóricos (cagadores de regras em sua maioria) de HQ.

O Notas Nerds, como um blog de excelência, cobriu o evento (na verdade, apenas o Dr. House foi nos dois primeiros dias porque ele é RICAH e tem a vida ganha, mas isso não vem ao caso). Bom, sobrou para o fotógrafo da equipe e amigão da comunidade a cobertura através de fotos nos dois últimos dias desse evento.


Dane-se tudo isso! Não vou falar sobre todo o evento, apenas sobre a entrevista/palestra dada pelo ilustre senhor Chris Claremont, um dos velhinhos responsáveis pelos X-Men nos anos 1990 (lógico que ele teve outros trabalhos e também esteve em outros momentos dos X-Men, mas dane-se! a maior discussão foi sobre este trabalho, nessa época, repetindo X-Men nos anos 1990).

As perguntas eram livres, porém o senhor Chris fez questão de não responder quase nenhuma das perguntas, então por que cobrir esta bagaça? Por um simples motivo, meu amigo leitor que perde seu tempo com este blog, para que você entenda o sofrimento que foi assistir à palestra, por apenas um motivo: as perguntas.

Tenho que confessar que algumas perguntas foram bem elaboradas, algumas foram tão bem elaboradas que o mediador teve que cortar o desenvolvimento da questão, alegando não ter muito tempo (embora estava nítido que o mediador estivesse de saco cheio por ouvir uma indagação tão grande). O fato é que a muitas das perguntas foram mais do mesmo e outras extremamente bossais o que fizeram sentir-me tão envergonhado quanto o torcedor do América.

Ah, só fazendo uma consideração antes de por algumas perguntas, os colaboradores do evento fizeram-me o favor de por uma intérprete que não sabia xongas de quadrinhos – a ponto de, na hora sair um “O Jean Grey” ou “O Strom”, confesso ter me frustado com esta (espero eu) bela senhorita intérprete.

Bom vamos agora às perguntas, elas não estão na íntegra – porque o nosso QG não dispõe de um gravador... então, tive de por em prática meus super-poderes de síntese e de escrita – lá vamos nós.
A primeira pergunta consistiu (para minha surpresa) em saber se o Claremont estava satisfeito com o que o Wolverine (nem assim esse povo larga o saco do Wolverine, que m3rd@!) havia se tornado hoje nas HQ. Bom, o senhor CC depois de se envaidecer (não me pergunte com o quê) respondeu estar satisfeito sim com o Wolverine.

Quando perguntado sobre Magneto e Genosha, o bom velhinho falou de sua importância como minoria (mutante e judeu) e falou sobre seu objetivo com o personagem que, na verdade, era de por como diretor do instituto Xaviver definitivamente.
Perguntado sobre qual das formas de lideranças ele mais gostava (Ciclope ou “O Storm”), o coroa ficou em cima do muro e trouxe o Wolverine como um terceiro contraponto aos dois, por conta de sua natureza selvagem (não entendi a babação, vito que muito do desenvolvimento deste personagem foi graças ao John Byrne).

Bem, a segunda parte eu envio semana que vem, aí vcs entenderão o motivo da minha revolta e o porquê deste título bizarro.

Abração.

27 de outubro de 2011

Rio Comicon 2011 – Como foi a bagaça (parte 01)

Na última semana, tivemos, no Rio de Janeiro, a segunda edição do principal evento internacional de Quadrinhos (pelo menos, é o que o título indica). O leitor já está acostumado com meus textos longos sobre tudo aquilo que me interesso por escrever, mas, dessa vez, vou tentar um texto mais sucinto. Podem reclamar, leitores... Isso é o tempo de que disponho me permite realizar.

O evento tomou de quinta a domingo com algumas exposições sobre artistas brasileiros e internacionais, tendo como grandes ban-ban-bans Will Eisner e Guido Crepax. No mais, o evento deu-se da mesma forma que 2010, com uma pequena diferença. Ou seja, não temos como escrever muito sobre esse evento, pois, estruturalmente, não há tanta diferença. A única coisa que chamou a atenção foi uma aproveitamento melhor do espaço para exposições – DC 75 anos e Universo Clamp e uma enorme falta de respeito com os artistas que não tinham capilé e ficaram entre dois trens enferrujados (pintados por fora, mas enferrujados) com mesinhas de papelão para vender material e autografar – falta de respeito, porque a Travessa continuava com seu mega-estande...


Quinta-feira, às 15:10, fui assistir à primeira mesa de palestras do evento, chamada “Quadrinhos de cultura pop” e foi um interessante bate-papo sobre as intermitências entre quadrinhos e graffiti nos quadrinhos de S. Paulo. Destaque apenas ao pensamento que de começa a emergir um mercado brasileiro para além da Turma da Mônica e seus derivados. Às 17 horas, tivemos “Novos rumos da HQ brasileira” que contou com um quarteto afiadíssimo em comentários mais adequados à situação comercial no Brasil, em que uma editora não se arrisca mais em colocar no mercado uma novidade. A área de testes da HQ nacional agora se chama internet. Se o povo da internet gosta, a editora gosta, o que revela também que, excetuando-se MSP, não há ainda a profissionalização do editor de quadrinhos em nosso país. Ou seja, não há uma pessoa responsável pela captação, seleção e disposição crítica em cima daquilo que é levado para a editora (se quiserem me contratar para fazer isso, o meu e-mail está disponível 24h/dia #prontofalei).


Na sexta-feira (21 de outubro), iniciou-se o segundo dia de atividades. No dia anterior, comprei material independente. Na sexta, contive meu ímpeto e não comprei nada. Mesmo assim, às 14:00, lá estava meu corpo confortavelmente instalado na cadeira para ouvir a antiga geração dos quadrinhos nacionais. “Meu brasil brasileiro” marcou-se como um paradoxo, a palestra de mais um trio, mediada pelo pesquisador Carlos Patati, foi uma das mais enriquecedoras para o público, pois, além de contar as peripécias iniciais dos quadrinistas no Brasil e a completa ignorância com relação às editorações, tivemos a oportunidade de ouvir uma imensa palestra técnica com relação às formas de utilização de desenho.

Logo após, às 16:00, tivemos “A conquista das Américas”, com somente uma dupla a falar das intempéries do mercado americano, das fórmulas rígidas de desenhos de super-heróis e de como um desenhista pode utilizar seu próprio estilo nos EUA. Além disso, vale lembrar que, por esse motivo estou com uma edição autografada de Tune 8.


Às 18 horas, a palestra em que eu mais saí do auditório. “Criatividade narrativa” foi uma palestra em que um e somente um dos autores cismava em se considerar um artista romântico, que deveria trazer a luz de sua sabedoria para todos aqueles que vieram ouvi-lo. Nauseabundo, tive de sair da sala inúmeras vezes para tomar o Santo Graal da ironia e calar-me. Entretanto, no meio do espetáculo de esnobismo, tive um acesso de risos e algumas pessoas estavam me perguntando: “Tá rindo do quê?” ; “Se ele fosse isso tudo o que ele está dizendo, ele teria a mesma euforia que o Manara teve ano passado, não?”. Risos baixos generalizados e ninguém mais prestou atenção. Quando Coutinho iniciou sua palestra a qualidade da exposição melhorou muito.

No sábado, sentei somente para ver a palestra das 14 horas. “Caminhos digitas” foi uma palestra complementar a “A conquista das Américas”, que elucidou para o espectador que assistiu às duas, todo o árduo percurso que um artista hoje tem de passar para se tornar conhecido pelo público. Destaque para o lado americano da palestra e deméritos para o lado europeu, como sempre... Não assisti mais nada nesse dia, pois tratava-se das palestras pop stars. Preferi tecer alguns ardis com Sidney Gusman e comprar MSP 50, MSP +50, MSP novos 50. Ebony Spiderman esteve na palestra de gala e pode falar melhor sobre o velho Chris Claremont.

Domingo, o último dia, às 14 horas, tivemos a palestra mais deselegante de todas. Explico-me: as palestras estavam TODAS, TODAS, TODAS, organizadas num sistema de bate-papo. O mediador fazia algumas perguntas (em sua maioria, três) e, logo após, o público ficava livre para perguntar o que quiser, até o término do horário e início da próxima palestra. Esse esquema, obviamente, expõe muito o palestrante, mas torna interessante o diálogo, pois pode-se ver como o público se comporta com relação a determinadas perguntas oriundas da plateia – obviamente, fiz perguntas em todas as palestras que estive, todas traçaram um determinado panorama do pensamento artístico com relação aos quadrinhos, mas isso falarei num outro post. No caso de “Mangaká”, eles anunciaram (com toda a cerimônia de que a mediação seria dupla porque estavam presentes à mesa o presidente de sei-lá-o-quê de mangá e o diretor presidente do sei-lá-o-quê de cosplay) que fariam poucas perguntas e deixariam a galera livre. O que ocorreu, de fato, foi uma tomada de tempo absurda para a babação de ovo das duas e pouco tempo para perguntas, causando certa antipatia da plateia nesse momento.


Depois disso, não assisti mais nada porque não queria ouvir a filha de um artista falar e não queria ouvir mais europeus dizendo que são artistas e que as pessoas não os entendem porque são geniais.
O próximo post será sobre o evento de filosofia que ocorreu juntamente à Rio Comicon, até lá e bons Vicodins para todos...

Inté.